A animação “A Guerra dos Rohirrim” se passa cerca de 250 anos antes dos eventos de “O Senhor dos Anéis” e foca na história de Helm Hammerhand, o lendário rei de Rohan. O enredo principal gira em torno da defesa de Rohan contra os ataques dos Dunlendings, liderados por Wulf, um inimigo jurado de Helm.
Durante a guerra, Helm e seu povo se refugiam na fortaleza que mais tarde será conhecida como o Abismo de Helm. A história explora a coragem, a liderança e os sacrifícios de Helm e seus guerreiros enquanto lutam para proteger seu reino.
Já no trailer da animação, o destaque fica todo para a filha de Helm, Hèra, que desempenha um papel crucial na resistência contra os invasores. E é aí que começam os problemas de narrativa e “reformulação histórica” em relação às obras de J.R.R. Tolkien.
Assim como fez a Amazon Prime com “Os Anéis de Poder”, alterando todo o cânone de Galadriel transformando a elfa que até então, era conhecida como pacífica e sábia, em uma guerreira destemida e inigualável e burra. Nenhum problema até aí, não é mesmo? Até porque, grandes protagonistas masculinos são assim, destemidos, inigualáveis e burros.
E o maior erro de Os Anéis de Poder, foi que a adaptação ficou tão aquém das obras do escritor e da trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis, que a série acabou sofrendo grande rejeição dos fãs.
O que Difere a Animação do Apêndice?
Aqui, listo três aspectos importantes que diferenciam a animação “A Guerra de Rohirrim” dos apêndices de J.R.R. Tolkien:
- Expansão de Personagens: A animação se aprofunda em personagens que são apenas mencionados brevemente nos apêndices. Por exemplo, a filha de Helm Hammerhand, Hèra, é uma personagem central na animação, enquanto nos apêndices ela não é nomeada.
- Detalhamento da História: O filme explora mais detalhadamente os eventos e conflitos, como a guerra entre Rohan e os Dunlendings, que são apenas mencionados de forma resumida nos apêndices.
- Narrativa Visual: A animação oferece uma representação visual rica e detalhada dos eventos, algo que os apêndices, sendo textos complementares, não podem proporcionar.
Algumas dessas diferenças, ajudam a enriquecer a história e a dar mais profundidade ao universo de Tolkien, mas ao dar protagonismo a uma personagem, que sequer é nomeada nos apêndices, pode acabar afentando e alterando a importância de alguns personagens nos livros de O Senhor dos Anéis e por consequência, na trilogia adaptada por Peter Jackson para o cinema.
Mas como aprendi a não julgar um cavalo de Rohan por seu cavaleiro, vou conferir nos cinemas essa animação, e por fim, poder expressar uma opinião completa sobre o filme e suas liberdades criativas. Afinal, é uma adaptação com direitos comprados e os detentores podem alterar – não deveriam – mas podem alterar o enredo/cânone da forma que bem entenderem e condenando suas ideias à receberem o rótulo pejorativo “fanfic”. E como fã, espero uma adaptação ao menos coerente, não precisando ser totalmente fiel.
Observação necessária:
Mulheres protagonistas e suas histórias originais existem aos montes, e as mesmas possuem uma legião apaixonada de fãs. Agora, pegar uma história consolidada e alterá-la – seja pra qual lado for – para atender uma ideologia torta e egoísta, não só fere o trabalho original como sua legião de fãs. Tais alterações são válidas, quando o material base expressa uma opinião ultrapassada e que denigre o legado de algum indivíduo. Somos cheios de falhas e devemos evoluir para o bem do próximo, sem arranhar a nossa liberdade. E se ao invés de alterar o protagonismo de uma história, as produtoras começassem à investir/adaptar mais histórias originais e femininas? Uma rápida pesquisa no Google vai te mostrar como existem grandes obras femininas esperando para serem adaptadas.
E você, o que achou do trailer de A Guerra dos Rohirrim e você se importa, quando a adaptação altera o cânone de obras já consagradas? Deixe nos comentários.