Monkey Man (Fúria Primitiva), a estreia na direção de Dev Patel, é uma obra que se destaca não apenas pela sua qualidade cinematográfica, mas também pela maneira como mergulha nas complexidades da cultura indiana. O filme é uma crítica visceral à cegueira religiosa e aos costumes arcaicos e machistas que têm devastado a sociedade indiana, ao mesmo tempo em que presta homenagem aos clássicos filmes de ação dos anos 80 com sua violência estilizada e extrema.
A história segue Kid, um jovem que busca vingança contra os líderes corruptos responsáveis pela morte de sua mãe e pela opressão dos pobres. Inspirado pela lenda de Hanuman, Kid utiliza suas habilidades em um clube de luta subterrâneo e suas mãos misteriosas para infiltrar-se na elite e liberar sua fúria. Este enredo serve como uma metáfora para a luta contra as injustiças sociais e a resistência contra as forças opressoras.
A qualidade cinematográfica de Fúria Primitiva é notável, com sequências de ação que são tanto intensas quanto artisticamente coreografadas, lembrando os espectadores dos filmes de ação dos anos 80, onde a violência era frequentemente usada não apenas para entreter, mas também para comentar sobre a natureza humana e a sociedade. Patel, com sua visão única, consegue capturar essa essência, trazendo uma nova vida ao gênero com uma perspectiva à lá John Wick e culturalmente rica.
O filme também traz uma abordagem crítica às questões culturais, especialmente no que diz respeito ao tratamento das mulheres e à cegueira religiosa. Fúria Primitiva desafia o público a refletir sobre as práticas e crenças tradicionais que muitas vezes servem para justificar a opressão e a corrupção.
O longa é uma obra cinematográfica que consegue ser ao mesmo tempo um emocionante filme de ação e um comentário social profundo. É um filme que não tem medo de confrontar os problemas da sociedade indiana, ao mesmo tempo em que celebra a riqueza de sua cultura e história. Patel entrega um filme que é tão pensativo quanto é emocionante, e que certamente deixará uma marca duradoura no cinema contemporâneo.