Em meio aos destroços de um mundo pós-apocalíptico da alma, a banda neozelandesa de Atmospheric Gothic/Doom Metal REMINA nos entrega seu terceiro single, “Silence and the Silver Sea” (Silêncio e o Mar de Prata), a faixa de encerramento de seu aclamado segundo álbum, The Silver Sea. O videoclipe, que é mais uma meditação visual e lírica do que uma narrativa convencional, convida o espectador a vagar por um campo de escombros de emoções e memórias. Filmado no histórico New Athenaeum Theatre em Dunedin, Nova Zelândia, com uma cinematografia hipnotizante de Jak West, o clipe traduz a vastidão desoladora da letra em imagens carregadas de luz e sombra, tornando-se o palco perfeito para o drama cósmico e íntimo que se desenrola.
A alma do artigo reside na própria letra, uma confissão dolorosa e uma busca incessante. O vocal etéreo e a escrita lírica de Heike Langhans (Voz, Letras e Sintetizador) nos arrastam para o rescaldo de uma catástrofe pessoal. Somos lançados em um cenário onde: “You were out of / My field of view / Nothing but wreckage / Left after the last siren sung / Nothing alive / In the wake of what we’ve done”. Estamos no epicentro do fim, onde a sirene já calou e só restam destroços. É uma sensação de perda total, de um ponto de não retorno. Mas há uma urgência, um último ato de redenção ou desespero, traduzido na declaração: “And I need to tell you / I never betrayed you / I didn’t tell you / I was with you from the beginning”. Essa confissão sugere uma história de lealdade velada, de sacrifício não reconhecido. O eu lírico foi cúmplice ou protetor desde o início, mas a separação foi abrupta e definitiva: “The moment I looked away / I knew I’d never see you again.”
A figura amada, agora ausente, deixa para trás um “fantasma” que oferece uma verdade fria e universal: “The stars were never / Where we’re meant to be.” Não era para ser. O destino não estava escrito nas estrelas, e essa falha cósmica condena o eu lírico a uma eternidade de busca e solidão: “I’ll roam here for eternity / In the silence and the silver sea / In fields of nothing but debris”. O “Mar de Prata” é menos um lugar de paz e mais um limbo cintilante e vazio, onde a esperança é apenas um vislumbre fugaz: “I thought I saw you / Reaching out for me”. A presença, porém, persiste apenas como uma dor espectral: “But your presence will always be here / And there’s no solace here.”
A música atinge seu clímax em uma rejeição amarga das motivações externas que levaram a essa ruína, talvez referindo-se aos “jogos” da humanidade: “Your wars of man-made fears / And no remorse / Won’t be tolerated here”. É um grito de revolta contra a futilidade, encerrado em uma constatação devastadora: “I gave all / My heart and soul / For it all / And for nothing / Nothing in return.” Uma doação completa, um sacrifício total que culmina no vazio. Com a composição e gravação de Mike Lamb (Guitar, Bass, Piano & Synth) e a percussão precisa de Shayne Roos (Drums), “Silence and the Silver Sea” é a trilha sonora perfeita para vagar pela vastidão do luto. O clipe, editado por Mike Lamb e Heike Langhans, e o conceito visual de Heike, fazem dessa faixa um encerramento majestoso e melancólico para The Silver Sea.
O profissionalismo e a dedicação da banda e da equipe de produção merecem destaque. Jak West assina a Direção de Fotografia, com a Edição a cargo de Mike Lamb e Heike Langhans. A gravação ocorreu no Ghost Bird Studios e The Room em Dunedin, NZ, com Mike Lamb responsável pela Mixagem e Masterização. “Silence and the Silver Sea” é um mergulho corajoso na escuridão da alma. É a beleza desolada do Doom Metal se unindo à introspecção lírica mais profunda.
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