Jurassic World: Recomeço | Opinião

Às vezes, você quer ir ao cinema apenas para se desligar do mundo real e apreciar uma boa história, com algumas cenas empolgantes e uma resolução, no mínimo, aceitável. E foi exatamente o que fiz na sexta-feira, ao comprar ingresso para Jurassic World: Recomeço.

De início, você até compra a premissa do filme — mais pela jornada do que pela própria premissa em si, já batida até dentro desse universo jurássico. E, claro, a presença de Scarlett Johansson no elenco faz com que você não tire os olhos da tela. Sua personagem, apresentada como destemida, mas vulnerável, reflete clássicas figuras da cultura nerd e mostra que ela também corre perigo.
ALERTA DE POSSÍVEL SPOILER – Até o roteiro decidir que não existe perigo real para os personagens principais.

Já o mundo jurássico apresentado no filme está, novamente, em extinção. A trama se passa cinco anos após Jurassic World: Dominação, com dinossauros esquecidos e morrendo diante dos olhos humanos. O filme até menciona essa falta de interesse das pessoas em relação aos animais jurássicos, afirmando que, depois de calamidades globais e da exposição excessiva desses seres, o interesse do público caiu drasticamente. E, nessa afirmação, o roteiro é certeiro: salas vazias — bem diferente do que aconteceu com os antecessores, que, mesmo com filmes mais fracos, ainda levaram multidões ao cinema.

Porém, afirmar que esses foram os únicos fatores para a falta de interesse do público é uma forma do estúdio colocar a culpa do possível fracasso de bilheteria em terceiros, sem reconhecer o retorno prematuro da franquia, o roteiro desleixado e, para mim, o pior fator de todos: um marketing enganoso, que esconde os elos fracos do filme e apresenta praticamente todas as cenas de impacto antes mesmo da estreia. E não, ninguém é obrigado a ver todos os trailers e ler tudo o que acaba vazando antes de assistir a algo. Mas, quando você assiste a um filme e percebe que praticamente todas as melhores cenas estavam no trailer, começa a se perguntar se vale mesmo a pena ir ao cinema.

Olha eu aqui, fazendo igual ao roteiro do filme e enrolando o público…

Jurassic World: Recomeço é uma tentativa fracassada de emular seus predecessores, enquanto tenta introduzir uma subtrama de dinossauros geneticamente modificados — que aparecem menos do que o tubarão em Tubarão. Subtrama essa que poderia ter sido o caminho para a sobrevida da franquia, mas os envolvidos foram covardes demais para inovar e arriscar em algo realmente assustador e empolgante. Estavam mais preocupados em lucrar com merchandising e bonecos do que em construir um roteiro que vendesse o filme por conta própria.

Jogaram fora o potencial de uma grande atriz e deste universo jurássico, que já deveria ter levado à extinção quase toda a raça humana em um confronto entre dinossauros de genoma intacto e aberrações alteradas em laboratório — como foi sugerido no início do filme. Parece loucura, não é mesmo? Mas é bem melhor expandir o universo do que ficar repetindo a mesma ideia, filme após filme.

Pela franquia e pela Scarlett Johansson, vale o ingresso. Pela Disney e pelo roteiro, não vale seu tempo. Espere sair no streaming ou nas águas tranquilas onde navega o Jack Sparrow.

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