Filme animado baseado no universo do Predador começa bem, mas é ofuscado pela chatice de um protagonista tardio.
No filme, predadores habilidosos vão à caça em diferentes eras, fazendo-nos acreditar que a raça alienígena domina a impensável realização da viagem no tempo. Mas, na verdade, é algo familiar que os fãs de ficção científica logo perceberão.
A caça começa na era dos gloriosos e sanguinários vikings. O primeiro Yautja é gigante e impiedoso, massacrando duas tribos vikings antes de enfrentar seu destino: a protagonista da primeira antologia, a vingativa Ursa. Contando com embates gloriosos — e muita sorte — Ursa consegue superar seu oponente em um ambiente hostil para ambos e fatal para o caçador alienígena.
Já na era feudal, dois irmãos em lados opostos são obrigados a unir forças para tentar derrotar um inimigo superior e mais experiente. E nada como um monstro treinado para caçar e matar para reatar laços de uma família destruída por um pai que segue à risca as leis de seu feudo — ou é só autoritário mesmo. Kenji e Kiyoshi Kamakami demonstram que nem décadas são capazes de rasgar o laço entre irmãos. Como folhas que brotam juntas, o samurai e o ronin enfrentam seu maior desafio. Entre sangue, fúria e irmandade, dois sucumbem e um vence a batalha — mas perde a guerra.
Na terceira e última história apresentada no filme antologia é que começam os problemas. Somos apresentados a John J. Torres, um personagem nada tragável e que, igual a Ursa — ou até pior — atravessa sua jornada de sobrevivência na pura sorte e com habilidades tiradas não se sabe de onde. Somos levados a um período da Segunda Guerra Mundial, onde o terceiro Yautja é um habilidoso piloto de uma nave alienígena, caçando aviadores durante os embates aéreos entre aliados e forças do Eixo. Apesar de cenas espetaculares de batalhas aéreas, elas acabam sendo ofuscadas pela “destreza” de Torres — sem contexto algum — e seus improvisos à la MacGyver.
No ato final do filme, os três personagens estão reunidos e são jogados em uma arena de sobrevivência, em um planeta dominado por predadores, sendo obrigados a lutar uns contra os outros. E, mais uma vez, todo momento épico é estragado por um personagem chato que resolve tudo no improviso “c@gado”. Até a batalha contra um Yautja de elite corre o risco de ser inferiorizada por escolhas baratas de roteiro.
Mas, após tanta morte visceral e três jornadas se completando para tentarem sobreviver ao imprevisto — e à chatice do terceiro protagonista — Predador: Assassino de Assassinos é quase uma fanfic com bons e maus momentos.
O filme está disponível no Disney Plus, via assinatura.

