A estética sonora e visual dos anos 80 e 90 tem ganhado novos contornos na música brasileira contemporânea, e um exemplo fresco — literalmente — é o mais recente videoclipe da banda Fresno com a participação da icônica NX Zero. Apostando na estética New Retrowave, o clipe mergulha em um universo onde a nostalgia encontra a modernidade, embalado por synths pulsantes, luzes neon e, curiosamente, o formato de um programa de auditório clássico dos anos 90, remetendo diretamente ao lendário “Programa Livre”, comandado por Serginho Groisman.
O New Retrowave é um subgênero musical e estético que busca reviver a sonoridade e os visuais da década de 1980, usando sintetizadores, baterias eletrônicas e paisagens sonoras que remetem a trilhas de filmes como Blade Runner e games de fliperama. Fresno, já conhecida por reinventar seu som a cada fase, mergulha de cabeça nessa estética, sem abrir mão de sua identidade emocional e lírica. A participação da NX Zero traz o tempero do rock alternativo dos anos 2000, criando um diálogo geracional que atravessa décadas em uma faixa vibrante e melancólica.
O clipe é uma cápsula do tempo. Gravado como se fosse uma apresentação ao vivo em um programa de TV dos anos 90, ele evoca diretamente a estética e estrutura do “Programa Livre” — desde a plateia animada de jovens, passando pelo apresentador carismático (interpretado com um toque cômico e reverente), até os cortes de câmera e cenografia de neon. O palco se torna um santuário onde o passado e o presente se encontram: os sintetizadores ecoam no ar enquanto Fresno e NX Zero revivem o clima dos tempos em que bandas brasileiras explodiam na TV aberta.
Mais do que uma homenagem, o clipe é uma releitura criativa da cultura pop brasileira. Ao se apropriar da estética retrowave, mas ambientando-a no imaginário coletivo da televisão dos anos 90, Fresno e NX Zero constroem uma ponte entre o público que cresceu com eles e uma nova geração que descobre agora o charme retrô dos sintetizadores e da programação televisiva vintage.
O resultado é um videoclipe que não apenas homenageia duas eras — os anos 80, pelo som; os anos 90, pela imagem — mas também mostra como a música pop brasileira pode se reinventar ao olhar para trás. Fresno e NX Zero provam que a nostalgia, quando bem usada, não é apenas uma fuga: é uma poderosa ferramenta de criação artística. O New Retrowave ganha, aqui, uma interpretação única e afetiva, com sotaque nacional e espírito de palco de auditório.
